1.12.2013

RTP's "Portugueses no Mundo" @ Beirute - Working Review

À pergunta se é possível fazer um documentário sobre Beirute sem Sul, respondeu a RTP que sim. Dedicando à capital Libanesa um episódio da sua série 'Portugueses no Mundo', o ainda canal da república portuguesa promoveu um circuito pela cidade e em seu torno, um circuito que importa escrutinar pelo que evidencia mas sobretudo pelo que oculta.

Secil's in the house

Desde logo, como se referiu, o Sul de Beirute prima pela ausência. Mercê da selecção de portugueses residindo em Beirute ou arredores que efectuou, a Sul a equipa da RTP apenas visitou um par de localidades e em cada uma destas um nicho particular, como a unidade cimenteira agora detida pela Secil ["responsabilidade a produzir cimento"] e apresentada pelo nosso interlocutor, director financeiro, como fábrica modelar de convivência inter-religiosa, referindo a questão dos tempos de oração dos muçulmanos como resolvida, embora sem adiantar propriamente como. Na outra deslocação a sul, sudeste de Beirute, casa particular em zona de oliveiras, sua envolvente é referida como a de uma zona envelhecida, que só na altura da apanha da azeitona vê incrementar sua intensidade quotidiana - a maioria da população em idade e condição de, claro está, trabalhando na capital.

Solidere se bem

Se algures houve a expectativa de ver, neste doc., algo fora da box de classe alta, digamo-lo assim, que não nas entrelinhas, debalde intento. Tudo vai bem, apesar dos apesares, é a mensagem a reter, não subliminar mas repetida à saciedade. Apresentar Beirute e o Líbano, como qualquer lugar, a partir de meia dúzia de quotidianos e um par de visitas turísticas (les Jeitta Groutes ou Byblos, por exemplo) não pretende à partida garantir um olhar mais abrangente que por estas linhas se percebe claro que gostaria de ter, ligadíssimo, bem o sei, mas decerto escusaria de ser tão demarcadamente partidário. A melopeia da ode multiculturalista que se escuta sem reservas por entre os edifícios da moda, muitos dos quais com chancela da companhia que intitula o presente fragmento, oblitera o contexto de si própria na vertigem tão cronicamente característica do riquismo, sobretudo do novo. Num país em que tudo é política - e quase tudo é religião -, a apresentação do trance secularista - entendendo a guita do real estate que secularisticamente canibaliza - e modernista - concrete's, hèlas! - da Solidere perde-se sem que Saad Hariri e seu clã, sobretudo - e a coligação M14, at large - sejam sequer nomeados, quanto mais...política e religiosamente relacionados. É que as teias são mais que muitas e só para expor a ligação clientelar Saudi Hariri, Hariri-Geagea, Geagea-Falange & whatnot, um ai lai de ligações. Melhor, mesmo, entende a RTP, deixar cá políticas de fora, let alone oposições que MESMO AGORA, AKA as we speak, são GOVERNO, mais alone ainda o meio milhão ou quê que vive no tal Sul de Beirute, al-Dahiya al-Janubiya, onde 14 de Março não é bem aquela festa.

Festa? Alguém falou em festa?

Hype é que é tabaco. - Tu fumas, Anselmo?

Joggingzinho p'lo calçadão, fy Corniche, o postal da moda - e a moda é TOP -, lá vem o jet LAG da Paris do Médio Oriente. LE GLAMOUR - bynight ATÃO, ontem e hoje! Segundo a nossa interlocutora mais experimentada, "a vida era muito boa", "toda a gente vivia bem". Entre clubes e cabarés, muita socialização, mêmo se bem. OK, a "guerra" e quê, actualiza o registo nossa mais jovem - 39 - interlocutora, perguntando até em seu círculo sobre, mas... tal espírito de festa, MÓ', não tens hipótese, é SUPER! Super-animado, super na moda ("o mais decotado"), super aberto, super internacional,super hospitaleiro... Super enriquecedor! A vida é uma dádiva, a noite é cara ("género garrafas de U$ 2k") mas o ambiente...é de festa contínua. 

What happens in Gemmayzeh emulation nights, na marina Zeytouna yes all right, um apartzinho em Kraytem... UPa, get a life!


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A Síria não está além, no Vale de Biqaa não passada nada. Sul, Sul, Palestina... Qual? 2006 en passant mas não cheiras nada (ou só cheiras movida), look it up. Ou melhor, look it down, no mapa. Isreal, is... facing resistência à séria. Sul-Sul. Por onde passa o caminho para Jerusalém, Bayt ul Maqdis. Trajectórias. Inventariar trajectórias. De onde para onde o quê e como, quando. (...)

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P.S. - já não há tugas na UNIFIL? Desses no comment, né RTP? É que, you see, para nossa própria segurança, é cena de estado e a tensão é tangível. Oh, lá estás tu, o doc. era sobre Beirute. Pois sim, mas deu para dar uma perninha às grutas e a Byblos. E quê? Lavagem patrimonial, that's all, atiras com o logo da UNESCO e 'tá safo, mas o maior contingente tuga no Líbano esteve ou está ao serviço do estado-maior do exército nacional.


(...)

antarab

antarab
Qulumryya